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22-10-2019 / Geração Nutrição

Voz da Nutrição – Debate discute nutrição nos currículos de ensino; alimentação escolar; rapariga, sua retenção na escola e combate à gravidez precoce. Saúde sexual e reprodutiva

Tendo por discussão a nutrição no currículo escolar e a ligação entre nutrição, alimentação escolar, retenção da rapariga na escola e gravidez precoce, decorreu em Maputo o terceiro de uma série de quatro debates organizado pela Plataforma da Sociedade Civil – Scaling Up Nutrition (PSC – SUN) e seus parceiros.

Participaram membros da PSC-SUN, representantes de sectores do governo implementadores do Plano de Acção Multissectorial para a Redução da Desnutrição Crónica (PAMRDC), nomeadamente Educação e Desenvolvimento Humano, Saúde, e Juventude e Desporto, activistas e outros actores.

No debate, Paula Machungo, fez uma nota introdutória sobre a relação entre estes factores e a desnutrição crónica. Os casamentos prematuros e as gravidezes precoces têm, disse Machungo, um impacto negativo no bem-estar das famílias. Primeiro por serem factores de risco conducentes à desnutrição da mãe e da criança. Em segundo lugar, prosseguiu Machungo, a competição entre o crescimento da mãe (adolescente) e a criança, é uma causa imediata da desnutrição. Em Moçambique, crianças nascidas por mães adolescentes registam significativamente mais casos de desnutrição do que as de outras faixas etárias.

Em outros desenvolvimentos sobre o tema, Machungo referiu que o casamento prematuro de raparigas eleva o risco da não conclusão do ensino primário ou o início do secundário; Paula Machungo afirmou que há uma relação entre a educação dos pais e a nutrição dos filhos – reiterando desse modo a importância de se combinarem abordagens para actuar sobre os dois.

Gabriel Simão, do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, disse que o governo tem, desde 2013, um programa de alimentação escolar, que abrange actualmente 6% de escolas primárias. Outras acções compreendem a educação alimentar e nutricional – no currículo escolar – e a formação sobre nutrição em comunidades.

Para Marla Amaro, do departamento do Ministério da Saúde, o enfoque do ministério está nas crianças e seus cuidadores, nas consultas de controlo de peso, por outro lado, na formação de actores comunitários, que realizam encontros e visitas regulares nas comunidades para disseminar mensagens para a mudança de comportamento. A suplementação de raparigas com sal ferroso dentro e fora das escolas, e disponibilização de serviços de saúde sexual e reprodutiva para esta faixa etária são outras intervenções peculiares do sector implementadas em parceria com o sector da Educação.

Tendo como objecto a saúde sexual e reprodutiva, a Geração Biz, um programa governamental e multisectorial, integra questões ligadas à nutrição, no dizer de Dique Nguenha, coordenador da iniciativa, no Ministério da Juventude e Desporto.

Lázaro dos Santos, da PSC – SUN, chamou a atenção para a necessidade de expansão dos programas de alimentação escolar e realçou que a sua implementação deverá ser efectiva.

Ezequiel Abraham, pesquisador da Universidade Eduardo Mondlane, apontou a questão da alimentação escolar, questionando que tipo de alimentos são disponibilizados. Agostinho Bento, da CARE, por seu turno, alertou que os programas de alimentação escolar devem ser uma responsabilidade do governo, para evitar a dependência de financiadores.

‘É preciso investir na alimentação escolar, na eliminação de casamentos prematuros (uniões forçadas) e gravidezes precoces, isto é investir na nutrição. O país está a perder capital humano. Mas também é preciso monitorar as acções em curso’, concluiu Machungo.

Esta campanha de advocacia para a nutrição “Geração Nutrição”, da Plataforma da Sociedade Civil – Scaling Up Nutrition (PSC – SUN), é financiada pela União Europeia.